UE PROPÕE TARIFAS CONTRA ISRAEL E SANÇÕES A MINISTROS NACIONALISTAS E AO HAMAS

A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (17) uma proposta para aplicar tarifas às importações de Israel e suspender o acesso preferencial do país ao mercado da União Europeia (UE). O pacote também prevê sanções contra ministros israelenses ultranacionalistas e membros do Hamas.

A iniciativa se baseia na avaliação de que Israel violou direitos humanos e princípios democráticos em Gaza, o que autoriza Bruxelas a suspender unilateralmente partes do Acordo de Associação entre UE e Israel, em vigor desde 2000. O objetivo é pressionar Tel Aviv a rever sua ofensiva militar na Faixa de Gaza.

Para a aplicação de tarifas, é necessária maioria qualificada dos Estados-membros da UE; já as sanções exigem unanimidade. Se aprovadas, as exportações israelenses deixariam de ter vantagens comerciais e passariam a ser tarifadas como as de qualquer outro país.

Pacote de sanções

As propostas incluem quatro atos jurídicos que atingem ministros como Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), além de colonos judeus acusados de violência contra palestinos. Dez integrantes do Hamas também devem ser incluídos em listas de restrição por violações de direitos humanos.

O plano prevê ainda a suspensão de parte do apoio bilateral a Israel, mantendo apenas projetos de sociedade civil e iniciativas como o memorial do Holocausto. O corte afetaria dotações previstas entre 2025 e 2027.

Pressão diplomática

A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou que a meta não é “punir Israel, mas contribuir para melhorar a crise humanitária em Gaza”. Segundo ela, a UE busca aumentar a pressão sobre o governo israelense, considerado responsável pelo agravamento da situação.

“Esta violação refere-se ao rápido agravamento da situação humanitária em Gaza, ao bloqueio da ajuda, à intensificação das operações militares e à decisão de avançar com o plano de colonização na Cisjordânia, o que compromete ainda mais a solução de dois Estados”, declarou Kallas.

Impacto econômico

A UE é o maior parceiro comercial de Israel, respondendo por 32% do comércio total de mercadorias do país. Para Bruxelas, a suspensão do acordo acarretaria “custo financeiro muito pesado” a Tel Aviv.

As medidas são debatidas em meio à escalada da guerra em Gaza, prestes a completar dois anos, com mais de 64 mil mortos e 160 mil feridos, segundo dados locais considerados críveis pela ONU.

Origem do conflito

O atual ciclo de violência teve início em 7 de outubro de 2023, quando um ataque do Hamas ao sul de Israel deixou 1,2 mil mortos e resultou no sequestro de 251 pessoas.

Fonte: Agência Brasil